Quase todo mundo já trabalhou em um ambiente onde colegas faltavam muito ou chegavam atrasados com frequência. Essa situação, conhecida como absenteísmo, é um problema antigo que continua a afetar empresas desde os tempos dos trabalhos rurais até hoje.
O departamento de recursos humanos desempenha um papel crucial ao monitorar e entender as causas do absenteísmo, buscando maneiras de mitigar seus impactos. Um alto índice de absenteísmo pode resultar em sérios problemas, desde queda na produtividade até aumento dos custos operacionais.
Neste artigo, vamos explorar o que é absenteísmo, discutir sobre as taxas aceitáveis em diferentes setores e apresentar estratégias eficazes para enfrentar esse desafio com sucesso.
O que é absenteísmo?
O absenteísmo, ou absentismo, ocorre quando funcionários faltam ou se atrasam excessivamente no trabalho. Ele envolve a ausência não planejada e recorrente dos colaboradores, afetando diretamente a produtividade e os resultados da empresa.
Naturalmente, todas as empresas enfrentam algum grau de ausência, especialmente aquelas com muitos funcionários. Contudo, quando isso se torna frequente, a rotina e os resultados dos times e da organização sofrem prejuízos significativos.
Diversos fatores podem elevar o índice de absenteísmo, indicando a necessidade de mudanças no ambiente de trabalho. Por isso, é crucial monitorar constantemente esse indicador e adotar estratégias eficazes para reduzir seu impacto.
O que a lei diz sobre atrasos?
Segundo o artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o limite diário de tolerância para atrasos é de no máximo 10 minutos. Dessa forma, a empresa não deve tomar nenhuma providência caso os atrasos não ultrapassem essa tolerância permitida por lei.
No entanto, é importante que tanto empregadores quanto empregados entendam as implicações dessa regra. A CLT permite a compensação desse tempo dentro do mesmo dia de trabalho, o que significa que pequenos atrasos podem ser descontados ou compensados no final do expediente.
Por outro lado, atrasos frequentes ou superiores ao limite de 10 minutos podem resultar em advertências, descontos salariais ou até mesmo ações disciplinares mais severas, conforme a política interna de cada empresa. É essencial que as organizações tenham políticas claras sobre atrasos e que comuniquem essas regras de forma eficaz aos seus funcionários.
Além disso, empregadores devem considerar as causas dos atrasos e buscar soluções que possam mitigar o problema, como a flexibilidade de horários ou programas de pontualidade, promovendo um ambiente de trabalho mais compreensivo e produtivo.
Qual a taxa de absenteísmo aceitável?
Estima-se que no setor de serviços, a taxa média de ausências seja de 5%, enquanto no setor varejista, esse índice varia entre 7% a 10%. É importante ressaltar que esses números podem variar significativamente de acordo com fatores específicos de cada setor.
No mercado em geral, não há uma definição rígida da taxa de absenteísmo ideal. No entanto, considera-se aceitável um índice de até 4%. Essa avaliação pode variar consideravelmente dependendo do segmento de atuação e do porte da empresa. Por exemplo, empresas maiores podem ter uma maior capacidade de absorver ausências, enquanto pequenas empresas podem ser mais impactadas por níveis semelhantes de absenteísmo.
É fundamental que as empresas monitorem continuamente suas taxas de absenteísmo e investiguem as causas subjacentes. Identificar padrões e motivos de ausências pode permitir a implementação de estratégias eficazes para reduzir o absenteísmo e promover um ambiente de trabalho mais produtivo.
Principais causas de absenteísmo
Agora que você já entendeu sobre significado de absenteísmo, é importante saber o que leva a aumentar esse índice dentro das empresas.
As causas do absenteísmo são diversas, e podem estar relacionadas a fatores mais comuns como problemas de saúde física e questões de saúde mental dos colaboradores. Além disso, também podem estar relacionadas a casos como:
- Razões pessoais: morte de parentes, divórcio, problemas de saúde de familiares, perda de bens significativos e outras situações que impactam o desempenho do colaborador;
- Falta de motivação: seja por não receber um cargo, salário ou oportunidades de crescimento esperadas;
- Incompatibilidade com a cultura organizacional: quando os valores do profissional e da empresa não estão alinhados, causando desmotivação;
- Excesso de volume de trabalho: quando o funcionário desempenha uma carga excessiva de trabalho, e acaba atingindo altos níveis de estresse psicológico, ou até mesmo burnout, levando a atrasos e faltas frequentes;
- Procura por novas oportunidades: o colaborador falta para participar de entrevistas realizadas no período comercial;
- Más condições de trabalho: fatores ligados à ergonomia que atrapalham a qualidade de vida, ou também ligados à falta de recursos para um melhor desenvolvimento das atividades;
- Assédio moral: quando o profissional se sente ridicularizado ou humilhado diante dos colegas ou chefes, e falta para evitar encontros constrangedores;
- Problemas com a liderança ou equipe: quando o relacionamento com a liderança ou o time se torna difícil e impacta negativamente a rotina de trabalho.
Vale ressaltar que, em muitas situações, como por razões de saúde ou pessoais, a empresa deve adotar uma postura empática quanto ao absenteísmo.
Esse cuidado se deve principalmente aos funcionários que não costumam apresentar atrasos e faltas.
Quais os impactos do absenteísmo?
De acordo com o estudo da Gallup (Gallup-Healthways Well-Being Index), absenteísmo e queda na produtividade são variáveis que estão diretamente relacionadas. Logo, podemos citar esse como o primeiro e principal impacto das faltas na empresa.
Com a queda na produtividade de alguns funcionários, naturalmente, outros colaboradores acabam sendo sobrecarregados, e isso pode desencadear reações em toda a empresa.
Em empresas com altos índices de absenteísmo é possível notar resultados preocupantes como:
- Turnover alto;
- Baixa produtividade;
- Insatisfação dos colaboradores;
- Aumento dos casos relacionados à saúde mental;
- Aumento de custos;
- Clima organizacional ruim;
- Má reputação da marca empregadora.
Tipos de absenteísmo
Como você viu até aqui, existem diversos motivos que podem levar os funcionários a faltarem ou chegarem atrasados frequentemente. Esses motivos podem ser enquadrados em três categorias:
1. Absenteísmo justificado
Faltas justificadas ocorrem quando há um motivo válido, como casamento, doença, falecimento de parentes próximos, entre
outros. Além disso, situações imprevistas, como engarrafamentos ou consultas médicas de emergência, também podem resultar em faltas justificadas.
Seguindo a legislação trabalhista, quando o profissional avisa previamente a empresa da sua ausência, elas não são descontadas da folha de pagamento do funcionário.
2. Absenteísmo injustificado
Faltas injustificadas ocorrem quando o colaborador se ausenta do trabalho sem autorização ou comunicação à empresa. Isso inclui sair durante o expediente sem justificativa ou não apresentar atestado médico após uma consulta.
3. Presenteísmo
O presenteísmo refere-se a presença parcial do colaborador. Ou seja, a pessoa está presente, mas seu desempenho é menor do que o esperado, por conta de fatores externos como problemas pessoais ou de saúde.
Esse tipo de problema normalmente é mais difícil de ser identificado se não for comunicado pelo profissional. Porém, uma maneira de avaliar esse impacto é observar a produtividade geral e comparar com os dias em que o funcionário apresenta um desempenho baixo.
É recomendável que nessas situações, o RH, ou o gestor do colaborador, converse para entender os motivos e busque alternativas para melhorar sua motivação pessoal e produtividade.
Absenteísmo e Turnover: qual a diferença?
Absenteísmo e turnover são indicadores diferentes, mas que se complementam. Isso porque, quando elevados, ambos causam prejuízos à empresa.
Como citado ao longo deste conteúdo, a taxa de absenteísmo está relacionada à quantidade de ausências e atrasos dos colaboradores.
Enquanto o turnover, está relacionado ao número de desligamentos, de forma espontânea ou determinada pela empresa, dentro de um período de tempo.
Portanto, podemos dizer que com o tempo, o absenteísmo pode impactar diretamente na taxa de turnover, que por sua vez, aponta problemas relacionados às contratações, à cultura organizacional e muitos outros pontos.
Como calcular o absenteísmo?
Antes de saber como calcular a taxa de absenteísmo, é importante entender que qualquer ausência do colaborador deve entrar neste cálculo, até mesmo as faltas justificadas.
Lembre-se que férias são um direito do trabalhador, então naturalmente, não são consideradas como absenteísmo.
Para o cálculo considere:
- A quantidade de horas que cada colaborador deveria trabalhar;
- Levante o tempo de ausências durante o período;
- Faça o cálculo das horas que deixaram de ser cumpridas;
- Some todos os resultados e então siga para o cálculo abaixo.
O cálculo:
Absenteísmo (%) = Número de dias ou horas de ausência / período de horas úteis da empresa x 100
Sendo o número de dias ou horas de ausência é a quantidade de tempo que os colaboradores faltaram ou se ausentaram, e o período de horas úteis nos dias em que a empresa funcionou, podendo ser definido por semanas, meses ou ano.
Lembre-se que o índice de absenteísmo geralmente aceitável fica em torno de 4%.
Como reduzir o absenteísmo em sua empresa
O RH, ou quem trabalha com gestão de pessoas, tem papel importante em ajudar a controlar o absenteísmo na empresa. Isso porque, a partir do cálculo, é necessário implementar ações a fim de reduzir os motivos que levam a ausência dos colaboradores.
Algumas ações nesse sentido são:
1. Faça uma pesquisa de clima organizacional
A pesquisa de clima organizacional tem como objetivo analisar a percepção dos funcionários sobre a empresa.
Com essas informações, o RH consegue identificar quais são os motivos de insatisfação e os pontos a melhorar. Assim, a empresa pode analisar se o ambiente de trabalho é saudável.
2. Trabalhe a cultura organizacional
A cultura e o clima organizacional são essenciais para o bom funcionamento das empresas, pois quando positivos, esses pontos ajudam a guiar comportamentos, direcionar atividades e auxiliar na tomada de decisão, em grupo ou de forma individual.
Com o fortalecimento da cultura organizacional é possível impulsionar o engajamento e identificar colaboradores que estão alinhados aos objetivos da empresa.
3. Melhore a ergonomia
Ofereça aos funcionários ambientes confortáveis de trabalho, com iluminação, ventilação, cadeiras, equipamentos e áreas comuns adequados. Além disso, se possível, incentive também a boa alimentação e a prática de exercícios laborais.
A ergonomia inadequada do local de trabalho pode prejudicar a saúde física e mental do colaborador, e com isso, levá-lo a ausências constantes por motivos de consulta ou tratamentos.
4. Valorize os colaboradores
O sentimento de falta de valorização é comum em muitos colaboradores, e isso leva à desmotivação, e então a atrasos e ausências frequentes.
Promover ações de reconhecimento e valorização, ajudam a manter o engajamento, seja por meio de feedbacks, treinamentos, promoções ou bônus salarial.
5. Ajude a melhorar a qualidade de vida
Para muitos colaboradores, manter a qualidade de vida é um fator fundamental para permanecer em uma empresa. Por isso, estimule oportunidades de melhorar a rotina dos funcionários, seja por meio do home office, regime híbrido, horário flexível, benefícios ligados à saúde, entre outros.
6. Observe o Fit Cultural
Desde o momento da contratação, analisar o Fit Cultural dos candidatos é indispensável para realizar contratações mais assertivas e garantir que pontos como o absenteísmo não sejam presentes durante o tempo do colaborador na empresa.
Com os testes disponíveis no Pandapé ATS, software de recrutamento e seleção, é possível analisar de forma assertiva os candidatos e até mesmo os colaboradores, verificando o quanto estão alinhados à cultura da instituição.