Você já ouviu falar na síndrome de boreout? Embora menos conhecida que o burnout, essa condição tem impactos profundos na produtividade, engajamento e bem-estar das pessoas colaboradoras. Para os profissionais de recursos humanos, entender essa síndrome é essencial para promover um ambiente de trabalho mais saudável e motivador.
Neste artigo, exploraremos em profundidade o que é a síndrome de boreout, suas causas, sintomas e, principalmente, estratégias práticas para preveni-la. Continue a leitura para acompanhar!
O que é a síndrome de boreout?
A síndrome de boreout, também conhecida como “síndrome do tédio no trabalho”, ocorre quando as pessoas colaboradoras se sentem desmotivadas ou sem desafios em suas funções. Diferente do burnout, que resulta do excesso de trabalho e estresse, o boreout surge de tarefas monótonas ou desconectadas do propósito pessoal e profissional.
Falando do universo corporativo, isso pode levar a uma série de problemas, como:
- Queda na produtividade;
- Baixo engajamento;
- Aumento do turnover;
- Impactos na saúde mental.
E o mais preocupante: muitas vezes, essa condição passa despercebida, sendo confundida com preguiça ou falta de comprometimento.
Quais são as causas da síndrome de boreout?
O boreout é algo que muitas pessoas enfrentam no trabalho, mas poucas falam sobre isso. Ele acontece quando o colaborador se sente entediado, desmotivado e sem perspectiva de crescimento, e, com o tempo, isso pode afetar a produtividade e até o bem-estar de quem está passando por isso.
Para entender melhor e combater esse problema, é preciso olhar para as suas causas. São elas:
Tarefas repetitivas e sem desafio
Imagine fazer o mesmo trabalho todos os dias, sem ter oportunidade de aprender algo novo ou de usar suas habilidades. Quando o trabalho se torna monótono e previsível, é fácil perder o interesse e sentir que está simplesmente “cumprindo a agenda”, sem um propósito real.
Falta de propósito
Todo mundo quer sentir que o que faz tem um significado, que está contribuindo para algo maior. Quando não há alinhamento entre o que a pessoa acredita e os objetivos da empresa, fica difícil se engajar. Sem um propósito claro, o trabalho perde o sentido, e a motivação vai embora.
Ambientes desmotivadores
Trabalhar em um lugar onde não há reconhecimento, onde o feedback é escasso e as oportunidades de crescimento são quase inexistentes, pode ser muito desalentador. Profissionais que se sentem invisíveis ou desvalorizados têm muita dificuldade em encontrar entusiasmo no trabalho do dia a dia.
Desalinhamento de expectativas
Isso acontece quando a vaga oferecida não corresponde àquilo que foi prometido na entrevista ou no anúncio da vaga. O profissional chega cheio de expectativas e descobre que a realidade é bem diferente. Isso gera frustração e pode levar a um grande desânimo.
Quais os sintomas da síndrome de boreout?
Os sintomas do boreout podem ser sutis, mas ao longo do tempo, eles podem afetar tanto o desempenho quanto o bem-estar da pessoa colaboradora. Quando identificados precocemente, é possível tomar medidas para reverter esse quadro e melhorar a experiência no trabalho. Aqui estão alguns dos sintomas mais comuns:
Procrastinação excessiva
A procrastinação é um dos sinais mais claros de boreout. O profissional adia constantemente tarefas ou simplesmente as faz de maneira apática, sem se empenhar. Ele pode começar a deixar para depois até as atividades mais simples, pois não vê um propósito ou desafio nelas.
Desinteresse e falta de entusiasmo
Um colaborador com boreout tende a mostrar falta de interesse nas reuniões, projetos e até mesmo nas interações com a equipe. Ele pode estar fisicamente presente, mas emocionalmente ausente. Não há energia para buscar soluções criativas ou para se envolver ativamente com o trabalho.
Falta de produtividade
Ao contrário do burnout, onde a pessoa se sente exausta e sobrecarregada, o profissional com boreout tem dificuldade em manter o ritmo. Ele pode terminar as tarefas rapidamente, mas sem se preocupar com a qualidade ou os detalhes, ou até mesmo ficar sem fazer nada por longos períodos, sem saber o que fazer em seguida.
Sentimentos de frustração e desvalorização
O colaborador com boreout pode começar a sentir que seu trabalho é irrelevante ou que suas habilidades não estão sendo aproveitadas. Isso leva a um sentimento de frustração, já que ele sente que está preso em um ciclo de tarefas sem importância ou sem qualquer desafio.
Cansaço emocional
Embora a pessoa colaboradora não esteja sobrecarregada fisicamente, ela sente um cansaço emocional. Isso ocorre quando ele se sente vazio, sem propósito ou sem motivação para seguir em frente. Esse cansaço pode se traduzir em um desgaste mental que afeta a disposição para o trabalho, mesmo quando não há uma carga excessiva de tarefas.
Comportamentos de fuga
Distrações frequentes, como passar muito tempo nas redes sociais ou em outras atividades não relacionadas ao trabalho, podem ser um reflexo de boreout. Esses comportamentos de fuga são uma tentativa de escapar da monotonia ou da falta de sentido no trabalho.
Isolamento
Outro sintoma é o afastamento social. O profissional com boreout pode começar a evitar interações com os colegas, não participar das conversas no café ou nas reuniões e se isolar cada vez mais. Isso ocorre porque ele não se sente engajado ou conectado com o ambiente de trabalho.
Desempenho abaixo do potencial
Como o profissional não se sente desafiado, ele começa a realizar as tarefas de maneira mais mecânica, sem explorar seu potencial. Isso pode resultar em entregas de baixa qualidade ou em um desempenho muito abaixo do esperado.
Esses sintomas, embora discretos, podem indicar que o colaborador está lidando com boreout. Ficar atento a esses sinais e agir de maneira proativa pode ser fundamental para evitar que a situação piore e para criar um ambiente mais motivador e desafiador.
Qual o impacto da síndrome de boreout no mercado de trabalho?
A síndrome de boreout vai além do impacto individual nas pessoas colaboradoras; ela também afeta profundamente o mercado e a competitividade das empresas. Quando trabalhadores enfrentam essa condição, os reflexos são sentidos em diversas áreas, desde a produtividade até a reputação organizacional.
Abaixo, os principais impactos do boreout no mercado:
1. Produtividade em queda livre
Pessoas entediadas não rendem. A monotonia e a falta de desafios transformam as horas de trabalho em uma contagem regressiva para o fim do expediente. Isso impacta diretamente os resultados das empresas. Equipes entregam menos, processos ficam mais lentos e metas importantes acabam sendo adiadas ou não cumpridas.
2. Turnover que pesa no bolso
Ninguém gosta de se sentir inútil. Quando as pessoas percebem que suas habilidades não estão sendo valorizadas, elas começam a procurar algo mais estimulante. O resultado? A empresa perde talentos, gasta com novas contratações, treinamento e ainda sofre com o tempo de adaptação dos novos colaboradores. Além disso, o clima da equipe é afetado, gerando um ciclo de desmotivação.
3. Reputação em risco
Vivemos em uma era em que tudo é compartilhado. Sites como Advisor e redes sociais dão voz aos colaboradores, e experiências negativas no ambiente de trabalho rapidamente se tornam públicas. Uma empresa que não engaja seus profissionais pode acabar com uma reputação que assusta novos talentos. E sem gente boa, fica difícil crescer.
4. Inovação estagnada
O boreout sufoca a criatividade. Quando as pessoas se sentem entediadas ou desmotivadas, elas não veem sentido em propor novas ideias ou contribuir com algo além do básico. Sem inovação, a empresa perde competitividade e fica para trás em um mercado que exige constante evolução.
5. Cultura organizacional abalada
Quando o boreout toma conta, a cultura da empresa sofre. O ambiente fica apático, a colaboração diminui e até quem está motivado começa a sentir os efeitos do desânimo ao redor. A empresa deixa de ser um lugar onde as pessoas querem estar, e isso pode comprometer a longo prazo o alinhamento e a entrega de resultados.
Qual é a diferença entre boreout e burnout?
Boreout e burnout são extremos opostos, mas ambos refletem um desequilíbrio no ambiente de trabalho. Enquanto o burnout é resultado de uma sobrecarga intensa, o Boreout nasce do oposto: a ausência de desafios e propósito.
O burnout acontece quando o trabalho exige mais do que a pessoa consegue dar. É a sensação de estar sempre correndo contra o relógio, lutando para cumprir prazos e expectativas. Isso pode levar à exaustão física e emocional, além de sintomas como irritabilidade, insônia e até problemas de saúde mais graves.
Já o boreout aparece de maneira silenciosa, quando o dia a dia é tomado por tarefas repetitivas, monótonas ou desconectadas das habilidades do profissional. Aos poucos, surgem o tédio, a apatia e a sensação de que o trabalho não faz diferença. Muitas vezes, essa situação é mal interpretada como falta de interesse, quando, na verdade, é um sinal de desalinhamento.
Embora as causas sejam diferentes, ambos têm algo em comum: o impacto profundo na saúde mental e no desempenho. Tanto o excesso quanto a falta de estímulo prejudicam a produtividade, a motivação e até os resultados da empresa.
O mais importante é reconhecer esses sinais e buscar um equilíbrio no ambiente de trabalho. Oferecer desafios compatíveis com as habilidades dos profissionais e criar espaços para diálogo e desenvolvimento são passos fundamentais para evitar esses extremos.
Como evitar a síndrome de boreout?
Não existe uma fórmula mágica para prevenir o boreout, mas há estratégias simples e eficazes que, quando aplicadas com consistência, podem fazer toda a diferença no dia a dia da sua equipe. Confira quais são elas:
1. Varie as tarefas e proporcione novos desafios
A monotonia no trabalho pode ser um terreno fértil para o desânimo. Quando alguém fica preso a tarefas repetitivas, a motivação tende a esvair. Uma ótima forma de quebrar esse ciclo é oferecer novas oportunidades de aprendizado e crescimento.
Uma estratégia interessante é o plano de carreira em W, que permite que o colaborador explore diferentes áreas dentro da empresa, desenvolvendo habilidades variadas e ganhando novas perspectivas. Imagine, por exemplo, um profissional da área de vendas que, em vez de ficar estagnado, tem a chance de mergulhar em marketing, depois em gestão de pessoas, e, quem sabe, em um cargo mais estratégico.
Esse movimento constante entre funções não só mantém o colaborador motivado, mas também abre portas para um desenvolvimento profissional mais amplo e alinhado aos seus interesses, evitando o risco de cair na rotina.
2. Estabeleça objetivos claros e inspiradores
É essencial que os colaboradores entendam o propósito do seu trabalho dentro da organização. Quando isso acontece, eles se sentem mais conectados com a missão da empresa e, consequentemente, mais motivados.
Estabeleça metas que sejam desafiadoras, mas atingíveis, e que permitam ao profissional visualizar o impacto do seu trabalho. Além disso, não se esqueça de alinhar esses objetivos aos interesses e ao desenvolvimento profissional de cada um. Um objetivo claro, que remeta ao crescimento pessoal e à contribuição significativa para a empresa, pode ser o impulso necessário para evitar que o colaborador se sinta estagnado e desmotivado.
3. Invista no reconhecimento e feedback dos times
O reconhecimento é uma ferramenta poderosa para manter as pessoas colaboradoras engajadas. E isso vai além de uma simples recompensa monetária: um feedback sincero, que destaque o esforço e as conquistas de cada um, pode fazer uma grande diferença. Reconhecer o progresso e as contribuições do colaborador ajuda a reforçar sua conexão com o trabalho e a criar um ambiente onde ele se sinta desafiado a crescer, sem cair na armadilha da desmotivação.
4. Promova um ambiente de trabalho saudável e positivo
O ambiente de trabalho também tem um papel fundamental no combate ao boreout. Certifique-se de que a cultura da empresa seja aberta, acolhedora e estimulante. Um lugar onde os colaboradores se sintam seguros para expressar suas ideias, receber apoio e ter um bom relacionamento com seus colegas é crucial para o bem-estar e a motivação.
Organize momentos de integração e crie oportunidades para que os membros da equipe compartilhem experiências e aprendizados. Um ambiente saudável e estimulante faz toda a diferença quando o objetivo é evitar que o tédio e a apatia se instalem no time.
5. Ofereça desenvolvimento contínuo
Investir no crescimento profissional dos colaboradores é uma das maneiras mais eficazes de evitar o boreout. Isso não significa apenas fornecer cursos ou treinamentos, mas também apoiar o desenvolvimento de novas competências e a evolução de suas habilidades.
Se possível, ofereça programas de mentoria, coaching ou até mesmo oportunidades de networking para que as pessoas colaboradoras possam se conectar com outros profissionais e aprender novas formas de enfrentar desafios. O aprendizado contínuo, alinhado aos interesses de cada um, mantém o profissional engajado e em constante movimento, sem o risco de cair na rotina.